quinta-feira, 25 de agosto de 2011

Em Mato Grosso do Sul, 2 mil católicos migram para igrejas evangélicas mensalmente


O novo Mapa das Religiões da Fundação Getúlio
Vargas (FGV) revela que a Igreja Católica perdeu
 aproximadamente 2,7 mil fiéis por mês em Mato
 Grosso do Sul entre 2003 e 2009.

Pelo menos 75% dos ex-devotos, ou 2 mil por
mês, migraram para igrejas evangélicas. Em seis
 anos, o percentual de evangélicos aumentou de
 19,31% para 25,32% (somando pentecostais e não
pentecostais), ou seja, cerca de 178 mil novos
fiéis, 2,4 mil a cada mês. No mesmo período, os
católicos passaram de 71,96% dos
sul-mato-grossenses para 63,7% em 2009, ou
 195 mil a menos, considerando para o cálculo  a estimativa populacional do IBGE de 2009.

Os católicos continuam sendo maioria em Mato Grosso do Sul, mas o número de
 devotos caiu pelo menos oito pontos percentuais. Em Campo Grande, a queda foi
 ainda maior, 12,5 pontos, embora continue com mais da metade dos habitantes da
 cidade. Passou de 65,38% para 52,85%. Isso significa que, só na Capital, a Igreja
Católica perdeu 94,6 mil fiéis.

O percentual de sul-mato-grossenses que professam a fé Espiritualista ou pertencem
a religiões orientais ou asiáticas permanece praticamente o mesmo. Os espíritas
tiveram pequeno declínio, passando de 1,98% para 1,93%. Devotos de religiões
 orientais e asiáticas passaram de 0,37% para 0,38%. Quase dobrou o o número de
praticantes de religiões afrobrasileiras, embora ainda seja um grupo muito pequeno.
 Passou de 0,15% para 0,26%.

Além do crescimento dos evangélicos em Mato Grosso do Sul, também aumentou o
número de pessoas que declaram pertencer a outras religiões e dos que dizem não ter
 religião. O número de pessoas de outras religiões mais que dobrou - de 1,03% em
 2003 para 2,25% em 2009. Oito anos atrás, 5,91% dos sul-mato-grossenses diziam
 não ter religião, em 2009, o percentual passou para 6,7%.

Campo Grande
O número de católicos em Campo Grande caiu 12,5 pontos percentuais e o de
 evangélicos, cresceu 8,4. Os pentecostais passaram de 13,28% para 17,18% em 2009
 e os outros evangélicos, de 9,16% para 13,71%. Na Capital, os espiritualistas
 passaram de 3,54% para 3,72%; os que professam crenças afrobrasileiras, de 0,22%
para 0,35%. Fiéis de igrejas orientais e asiáticas representavam 0,17% em 2003 e
 0,30% em 2009.

Aumentou consideravelmente o número de pessoas que professam outras crenças, de
 0,55% para 2,77%. O percentual de moradores de Campo Grande que disse não ter
religião passou de 7,68% para 8,95%.

Brasil

Em 2003, 74% dos brasileiros se declaravam católicos. Em 2009, 68,4%. O número de
 evangélicos subiu de 17,9% para 20,2%. Também aumentou o número de pessoas que
 afirmam não ter religião: de 5,1% para 6,7%. Se esse ritmo de declínio do catolicismo
continuar, o Brasil pode deixar de ser o País mais católico do mundo nos próximos
20 anos. "Se continuar essa perda de 1 ponto de porcentagem de católicos por ano,
em 20 anos você teria menos da metade da população", calculou Marcelo Neri,
coordenador da pesquisa, em entrvista à Agência Brasil.

Testemunhos

Para o presidente da Aliança Evangélica, pastor Ronaldo Leite Batista, o crescimento
 das igrejas evangélicas pode ser atribuído aos testemunhos dos fiéis, ampliados
pela mídia em dezenas de programas de rádio e televisão, e também por meio da
 internet, revistas e jornais especializados. "Existe uma busca maior pela
espiritualidade no mundo pós-moderno", considerou. "Eu creio que os evangélicos
conseguiram romper essa barreira da religiosidade para se tranformar numa
espiritualidade relacional com o Deus chamado Jesus Cristo. E quando contam essa
experiência pessoal de se encontrar com Jesus, eles estão testemunhando de maneira
 muito forte aquilo que as pessoas mais têm necessidade", relatou. "Obviamente com
 a ajuda crescente dos evangélicos na mídia".

Resgate de devotos
Na avaliação do arcebispo de Campo Grande, Dom Dimas Lara Barbosa, a Igreja
Católica precisa sair de "sair de uma pastoral de manutenção para uma pastoral
missionária". Ele explicou que não se trata de buscar pessoas que frequentam
 outras igrejas, mas resgatar os católicos não praticantes e os "católicos eventuais".

"Nossa preocupação primária é com o grande número daquels que foram batizados
 na igreja católica e não saíram dela oficialmente e esses são mais de 90% dos que
se dizem católicos", explicou. "Para a igreja num estado permanente de missão
é muito importante criar o ministério do acolhimento", explificou.

Com base em dados do Atlas da Filiação Religiosa no Brasil (montados com
 informações do Censo 2000), Dom Dimas observou que a maior evasão de católicos
 acontece nas fronteiras de migração agrícola, entre elas, mato Grosso do Sul e
 Mato Grosso, e nas periferias de grandes cidades. "Quando a pessoa migra, ela
 fica fragilizada porque se desvincula de sua cultura original, de sua igreja original
e da própria raiz familiar em que ela vive".

Em recente entrevista ao Correio do Estado, ele destacou, no entanto, que existem
 dioceses em franca expansão, sobretudo na região sudeste do Brasil. "A FGV,
há 3 anos, fez uma pesquisa muito interessante que mostra que onde os programas
 sociais do governo tinham dado certo, o trânsito religioso estagnou. Isso mostra
um vínculo entre o transito religioso, portanto a instabilidade religiosa, que passa
 pelo cultural e pelo familiar, e a situação de instabilidade sócio-econômica
das pessoas".

Fonte: Correio do Estado

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