quarta-feira, 5 de outubro de 2011

Maridos com síndrome de Peter Pan, esposa com complexo de Cinderela


Sou um rapaz do interior do Rio Grande do Sul. Na minha cidade, quem faz 18 anos está se aproximando da idade de dar um jeito na vida: ou vai embora estudar (o que a maioria faz), ou encara o casamento e constitui família. Ficar muito tempo sem se definir pega mal. Mas quando vim para Porto Alegre me deparei com um aspecto social que me impressionou: a quantidade de homens na faixa de 30 a 40 anos que moram com os pais ou vivem bem próximos deles. São profissionais de carreira, mas não pularam fora do ninho. Eles fazem parte do grupo que alguns psicólogos classificam como tendo a síndrome de Peter Pan.

Não se trata da pessoa que se tornou solteira por opção ou destino. Esse cresceu, assumiu uma vida adulta e se tornou um indivíduo realizado. Os Peter Pans são camaradas que não conseguiram deixar a adolescência e continuam com seus cordões umbilicais, dependendo emocional e até financeiramente dos pais. Não assumiram o principal aspecto da vida adulta: cuidar de si mesmo. O engraçado é que eles podem até ser casados – são os típicos maridos que vivem comparando a esposa com a mãe ou permitindo que elas interfiram em suas vidas (é, também tem mãe que não entende que o filho já é um homenzinho…).

Aí não há casamento que resista: o marido sofrendo de síndrome de Peter Pan, a esposa do Complexo de Cinderela. Estas, as Cinderelas, são as moças esperançosas em encontrar o príncipe encantado, o homem idealizado que as fará felizes para sempre. Como o homem perfeito não existe neste plano da existência (o único que existiu era Deus e não se casaria), elas acabam muito, mas muito frustradas mesmo. Ainda mais se tiverem se unido ao Peter Pan. Os pais dele vêm junto pra dentro de casa. E, do jeito que as coisas andam hoje em dia, os dela também, tornando o casamento um palco de cabo-de-guerra entre os clãs do casal.

O quadro que pintei acima me lembra de um livro que li muito tempo atrás, de Stu Weber, chamado “Guerreiro Gentil”. Nesse livro o autor menciona a comparação que a Bíblia faz a respeito dos filhos: eles são citados como flechas (Salmo 127). Ou seja, não são representados como uma espada, que fica sempre colada ao corpo do soldado; são flechas para que sejam lançados longe.

O pensamento de Stu Weber concorda com o mandamento bíblico do casamento: o homem deixa pai e mãe para se unir à sua mulher (Efésios 5.31). O problema é que isso somente acontece se houver um formato de educação familiar que para nós (brasileiros e latinos) soa estranho: os filhos tem que ser criados para irem embora. Para serem lançados longe, como flechas. Mas nossa cultura produz exatamente o oposto: mães que não permitem que os filhos saiam, filhos que não se soltam do ninho, mulheres que idealizam um ser inexistente e o querem por esposo, casamentos que estão sempre à procura de bengalas para se apoiarem.

Me parece que não é essa a proposta bíblica. A Palavra propõe uma família saudável em que homens e mulheres deixam suas casas e formam um novo núcleo, onde criam filhos para serem psicologicamente seguros e livres, prontos para partirem e construírem seus próprios legados. Simples assim. Sem Cinderelas nem Peter Pans.

Fonte: Click Família

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